PERFIL DE TRATAMENTO DA MALÁRIA EM CASOS DE INTERNAÇÃO NO CENTRO DE MEDICINA TROPICAL DE RONDÔNIA (CEMETRON), EM PORTO VELHO.

  • Ana Gabriela Barbosa Chaves de Queiroz Centro Universitário São Lucas
  • Sergio de Almeida Basano
  • Bruna Soares Gonçalo
  • Luis Marcelo Aranha Camargo
  • Antonieta Relvas Pereira
  • Larissa Gil dos Santos Chaves
  • Mayumi Cavalcante Hashiguchi
  • Raphaela Lorrana Rodrigues Araújo

Resumo

INTRODUÇÃO/OBJETIVO: A malária é uma doença febril aguda, transmitida pelo mosquito fêmea do gênero Anopheles e causada por protozoários do gênero Plasmodium, vista como sério problema público de saúde no Brasil. Por isto, o Ministério da Saúde (MS) instituiu, em 2003, o Programa Nacional de Prevenção e Combate à Malária, com o objetivo de diminuir a incidência da doença e dos casos de recidiva. De acordo com a política, o tratamento dos casos de malária deve ser orientado com base no agente etiológico causador do quadro, a idade do paciente, o peso do paciente, fatores associados, tais como gravidez ou comorbidades, critérios de gravidade e histórico de exposição prévia à infecção por Plasmodium, tendo em vista que indivíduos primoinfectados tendem a apresentar quadro mais grave. Neste trabalho, está sob análise o perfil terapêutico dos pacientes internados por malária no Centro de Medicina Tropical de Rondônia (CEMETRON), visando avaliar a conduta empregada e o enquadramento desta dentro da Política Nacional de Tratamento da Malária. MATERIAL E MÉTODOS: Análise dos prontuários clínicos e dos dados laboratoriais referentes aos casos internados por malária nos anos de 2016 a 2018, no CEMETRON – com análise autorizada pelo paciente, através do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, concomitantemente à pesquisa literária e científica a respeito da terapêutica adequada para cada uma das situações, sem utilizar um grupo controle ou placebo. RESULTADOS E DISCUSSÃO: O hospital, entre 2016 e 2018, atendeu 4.602 casos de malária, sendo 3.671 de vivax, 901 de falciparum e 30 de malária mista. Destes, apenas 314 casos precisaram de internação. Quanto ao sexo, houve 137 feminino e 152 masculino. Na faixa etária, predominou entre 21 e 30 anos e entre 31 e 40 anos, com 87 e 56 casos respectivamente; as idades entre 71 e 80 anos e entre 81 e 90 anos, concentraram o menor número de casos, com 14 e 3 casos. Foram incluídos no estudo 288 internações por malária, sendo 210 (72,9%) por malária vivax; 61 (21,2%) por falciparum; 13 (4,5%) malária mista e 4 casos com pesquisa de plasmodium negativa. Constatou-se que a via injetável foi utilizada em 42,3% dos casos de malária vivax, e em 5,6% dos casos não havia indicação; quanto à terapêutica adequada, notou-se que apenas 32,5% foram tratados com primaquina e cloroquina, conforme manual terapêutico. Nos casos de falciparum, usou-se a medicação em 45,9% dos casos, dos quais 7,1% não havia indicação; quanto à terapêutica adequada, notou-se que apenas 54,1% foram tratados com derivados de artesunato por via oral, conforme manual de terapêutica. Por fim, nos casos de malária mista, 69,2% cursaram com uso de medicação injetável, com indicação clínica. Não obstante, é essencial pontuar que o critério de gravidade mais utilizado para justificar a administração injetável foi a prostração, presente em 214 (75,6%) pacientes incluídos na pesquisa. O estudo demonstrou maior prevalência da malária vivax, com 74,2% dos casos hospitalizados. Quanto ao tratamento, encontrou-se uma taxa de acerto de 76%. Quanto à taxa de hospitalização, houve uma taxa de acerto de 65,6%. Nota-se, portanto, um excesso de hospitalizações e uma taxa considerável de irregularidade no tratamento. Acredita-se, porém, que estas irregularidades se devem à ambiguidade nas definições fornecidas pelo Guia de Tratamento da Malária no Brasil de 2010 e, espera-se, ainda, uma melhora nestes fatores com o novo Guia de Tratamento da Malária no Brasil de 2020. CONCLUSÃO: Portanto, notou-se adequação razoável das terapêuticas utilizadas no hospital em estudo às preconizações do MS. Observou-se, também, um excesso de hospitalizações e uma taxa considerável de irregularidade no tratamento. Acredita-se, no entanto, que estas irregularidades se devem à ambiguidade nas definições fornecidas pelo Guia de Tratamento da Malária no Brasil de 2010 e, espera-se, ainda, uma melhora nestes fatores com o novo Guia de Tratamento da Malária no Brasil de 2020. Ademais, constatou-se maior tempo no período de internação dos pacientes tratados com administrações que incluíram medicações injetáveis, com exceção dos casos de malária mista, no qual não houve comprovação estatística. A maior dificuldade encontrada no estudo foi, sem dúvidas, o manejo do Guia de Tratamento da Malária de 2010 como literatura base e definidor de terapêutica para análise. AGRADECIMENTOS: Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, pelo auxílio financeiro com bolsa de Iniciação Científica dentro do Programa PIBIC/CNPq/INPE. Ao Afya/Centro Universitário São Lucas por ser parte da minha formação profissional. Ao CEMETRON, por permitir a utilização de seu espaço para que essa pesquisa pudesse ser realizada. Ao meu orientador, Sérgio de Almeida Basano, que me impulsionou a realizar esta pesquisa e me deu suporte. Ao Dr. Luís Marcelo Aranha de Camargo, pelo suporte e apoio.


PALAVRAS-CHAVE: Malária; Tratamento; Internação.


E-MAIL: gabrielabcq@hotmail.com

Publicado
2021-04-29
Seção
Ciências da Saúde